Júnia Mariza

Gosto de comédias românticas, livros com incríveis histórias de amor. Se algum dos personagens tiver uma doença em estado terminal então eu apaixono. Choro o filme/livro todo e isso me deixa em paz. Escuto Engenheiros, Pitty, Nando Reis, Projota, Andrea Bocelli, Hillsong, Rosa de Saron, Anitta, Shakira, mas quando a tristeza aperta tem que ser Jorge e Mateus. Meu celular está sempre no silencioso, mas quando vou à capela ele misteriosamente vibra incomodando todo mundo. Minha cor preferida é azul. Ou era, hoje não sei mais. Não tenho tempo para nada, nunca. Tenho uns mil livros salvos no celular, talvez algum dia eu encontre tempo para eles. Já fazem três meses que estou lutando com um ponto-cruz. Quando era criança amava, mas hoje falta coragem (que chamo de tempo). Estou fazendo uma dieta. No ano passado eu precisava perder 03 quilos. Agora faltam apenas 05 quilos. Acontece que não consigo ficar sem açúcar. Aprendi com minha avó colocar três balas de uma vez dentro da boca, menos que isso não me satisfaz. Na TPM então, posso ingerir mais de 10 quilos de açúcar por segundo. Passo muito tempo falando que tenho que estudar, é o único jeito de pobre mudar de vida. Depois de 10 anos falando isso estou aceitando que a vida de pobre pode ser mais feliz. Levanto de mau humor. Demoro uns 30 minutos para realmente acordar. Levanto, acordo a criança, tomo banho e então, depois do primeiro gole de café posso estar acordando. Antes desse momento não é recomendado tentar qualquer aproximação. Sou muito chata e tem dias que estou insuportável. Pode ser curado com um chocolate dependendo do grau de chatisse. Se brigar ou gritar comigo eu choro. Sou um bebê que assusta com ruídos. Sempre tenho razão. Se tentar me contrariar introduzirei argumentos infundados e provas irrefutáveis. Fico fascinada por livros de economia financeira. Sempre leio, mesmo sabendo que depois ficarei arrasada ao perceber que não vou conseguir meu primeiro milhão guardando R$100,00 por mês. Não conseguirei a chave para minha tão sonhada liberdade financeira. Perdi meu tempo com essa baboseira toda e ainda corro o risco de cair numa depressão profunda. Estou sempre inventando um curso para fazer. Não sei se isso vale a pena. Eu quero aprender falar outras línguas para facilitar minha vida quando acertar os números da mega-sena. Vai que um dia eu acerto. Não consigo fingir que gosto de uma pessoa. Minhas feições não conseguem esconder o descontentamento. Um dia ganhei um diário com cadeado que não trancava nada. Ele era tão bonito, que não conseguia parar de escrever...e até hoje não consigo. Espero não entediá-los com meus pensamentos!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Lei Antifumo

Em todos os lugares que você frequenta sempre tem aquele chato que diz: "Por favor não fume perto dos meus filhos ou da minha esposa que está grávida". Até mesmo em festas aparece alguém franzindo a testa quando te vê pegando o esqueiro para dar uma inocente tragada para aliviar a tensão. Pessoas desagradáveis que provavelmente possuem também algum vicio, mas não suportam ver a fumaça do cigarro para começar os julgamentos. Como se isso não fosse o bastante entrou em vigor no dia 03 de dezembro de 2014 uma lei anti fumo mais rígida, proibindo o uso cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígeno em ambientes fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, casas noturnas e ambientes de trabalho. A multa, em caso de descumprimento da lei, recai sobre o dono do estabelecimento comercial, e varia entre R$ 2.000 e R$ 1,5 milhão, até a suspensão da licença de funcionamento.
Alguns anos atrás o cigarro era simbolo de elegância, sexualidade, carisma, inserção social, no entanto, atualmente é um ato condenável, comprovadamente prejudicial a saúde.
Porque mudou?
Pelo simples fato das descobertas sobres os malefícios do tabaco: Câncer no pulmão, câncer de mama, doenças cardíacas, complicações da diabetes, asma, leucemia, câncer da boca, laringe, gargantas, esôfago, pâncreas, estômago, infertilidade, bebês abaixo do peso, osteoporose e infecções dos ouvidos, etc. Pode-se acrescentar ainda o perigo de incêndios, já que o fumo é a principal causa de incêndios em residências, hotéis e hospitais.
Quem não é fumante, mas convive com fumantes constantemente corre o risco 30 % maior de contrair câncer de pulmão do que as outras pessoas que nunca fumaram.
Mesmo com tantas campanhas anti fumo, o consumo teve aumento de 13% em relação há dez anos. Faturamento da indústria (por ano) no mundo equivale a aproximadamente US$ 285 bilhões, no Brasil US$ 4,5 bilhões. Estou defendendo o óbvio novamente, mas estou também me defendendo. Sei que é desagradável quando você está consumindo algo por prazer e recebe criticas, mas nem sempre é por simples caretice.  Talvez seja apenas preocupação.




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Chifres

Sara era feliz, competente, independente, inteligente. Mas sua vida amorosa era um tanto que diferente.
No início era sempre do mesmo jeito. Uma moça meiga, carinhosa, feliz e apaixonada. No entanto no decorrer do namoro ela tinha pistas da infidelidade do namorado. Apareciam na sua testa uns chifres, e a partir desse momento acabava a paz. Não conseguia mais confiar porque tinha certeza absoluta que estava sendo enganada.
Procurou psicólogos, terapeutas, conversava com as amigas, mas a história sempre se repetia. Todos diziam que a mulher é realmente louca, mas que ela estava exagerando.
Já havia desistido de ter qualquer relacionamento sadio, conformou-se em viver sozinha, afinal a solidão não é ruim quando gosta de si mesmo. E em um dia ensolarado na primavera seu coração bateu mais forte e ela viu que é melhor sofrer junto do que ser feliz sozinho.

Mas como sempre, no decorrer do tempo começaram a surgir as marcas da traição. Chateada, mas confiante ela percebeu que era hora de trocar de homem. E trocou, mudou de dermatologista e suas espinhas malditas e fofoqueiras sumiram e levaram junto sua neurose. 


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Um Conto Meloso

Era a primeira vez que saía sem o namorado depois de dois anos de namoro. Quando ainda estavam se conhecendo saíam muito, mas quando o amor chega de uma forma tão brutal, não tem mais como sair. Você não acha graça em nada, todos os eventos perdem o encanto. Ela procurava inutilmente por algo. Era uma ausência saudável, diferente e chata.
Ele ficava em casa contando os segundos para o telefone tocar.
“Ela ainda não chegou, talvez muitos homens estejam lhe cortejando. Mas ela é fiel. Ela deve estar frustrada, achando o programa muito chato. E se ela tiver adorado sair sozinha e quiser repetir todas as semanas.” Os pensamentos confusos dominavam sua noite, no entanto ele não podia ligar pelo orgulho masculino. Confia em seu potencial, sabe que a mulher lhe ama. Sabe também que a carne é fraca, e que assim, saindo sozinha tudo pode acontecer.
Ela sorri, conversa pouco. As amigas dizem que é normal, é necessário ter uma liberdade.
Os amigos dele ficam indignados, esse vale noite, não é uma boa ideia.
De repente o telefone toca. Ele aliviado atende. Fica chateado por que a mulher disse que a noite foi ótima. Ela está bêbada, diz que o ama infinitamente. Usa redundância, frases sem contexto, riso fácil. Mas ao fim de tudo, ela confessa sem querer que se sente incompleta sem ele, e que todas as pessoas e músicas a trazem solidão. Que sofre pela distância, que queria sair normalmente como se ele não existisse.
E na verdade ela queria mesmo, desejava incessantemente escutar uma música e não lembrar dele. Queria beber uma cerveja e não desejar estar junto dele.

Ele ficou feliz, porque sabia que a mulher é um bicho difícil, mimado, chato, briguento, que tem um monte de defeitos, mas a melhor qualidade de todas é que ela o ama.



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mesa de bar

Havia um lugar interessante onde reuniam-se a tarde as quatro amigas.  Lá elas choravam suas mágoas, colocavam as fofocas em dia, riam de suas próprias vidas, e das alheias, festejavam, bebiam, comiam.  Quatro mulheres maduras e independentes que se reuniam em um bar.  E ali a vida ia passando, as fofocas mudando, os assuntos sempre aumentando. Com a idade, foram se afastando, mas o ponto de encontro era sempre o mesmo.
- Pode trazer uma gelada e um churrasquinho no capricho Seu Zé!
- Pode deixar – respondia cordialmente o velho.
Não se importavam com as conversas infames que surgiam, e não tentavam explicar, porque quem julga dificilmente terá interesse em compreender o outro.
Não era pelo local, pela bebida, ou atendimento, era só pra estar juntas.
A mulher trabalha o dia inteiro, enfrentando salários abaixo do mercado, aborrecimentos, também tem o direito de sentar-se no fim da tarde e não falar nada de útil, só pra esvaziar a mente. Conversar, ás vezes falar dos problemas, ás vezes das alegrias, ás vezes não falar nada. Não é deselegante mulher beber, quem não tem elegância é assim é qualquer ambiente.
Tinha dias que alma já estava bêbada e apenas um copo já fazia uma exorbitante diferença, outros passavam horas bebendo e nada acontecia. É tudo questão de alma.
O tempo passa o príncipe encantado aparece e a vida muda. Bem, existe um príncipe encantado para cada idade. Até os dez anos é aquele que te fala oi, e faz seu coração tremer. Aos quinze é o gatinho que te chama para sair e te pede em namoro. Aos vinte é um homem bem sucedido que entenda suas necessidades. Aos trinta é aquele que sabe usar a descarga. Mesmo assim, depois de encontrar o príncipe tão cobiçado, combinaram de se encontrar uma vez por mês.
Esse era o dia mais aguardado por elas, era a noite das amigas. Os maridos e/ou namorados ficavam em casa com as crianças e elas iam para o bar do Seu Zé. Beber, chorar, sorrir, colocar as fofocas em dia, e assim a vida ia passando, ali sempre, em volta da mesa do bar.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Cadeira de Balanço

Havia uma velhinha na sacada, sentada em uma cadeira de balanço lendo um livro. Todos pararam para admirar essa visão magnífica e tão desabitual. Ninguém sabia o que ela lia, se estava dormindo, mas parecia tão serena. Apresentava a paz que desejamos no dias atuais. Tenho a partir de agora o desejo de envelhecer assim, sentar na minha cadeira de balanço, ler tudo que não tive tempo na mocidade, ficar lá esperando a vida passar. E quando os netos me visitarem quero enche-los de guloseimas para que saiam bem gordinhos e felizes. Quero brincar com eles, abraçá-los, mimar bastante. Quero ser uma velhinha de açúcar.
Quero ser íntima da tranquilidade. Não criar desavenças, sorrir bastante. Ligar a TV e esquecer ligada (será que ainda vai existir TV?). Dormir assistindo novela, jogar cartas com as amigas, ir á terços, tomar um café de vez em sempre. Quero ter o direito e o prazer de informar a minha idade verdadeira, e assumir com ela tudo que já vivi. E sofrer porque alguns não entendem que tudo que eles vivem alguém já viveu, e eu por ser mais velha, já vi mais que eles. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Gato

Tinha um gato no meio da rua, no meio da rua tinha um gato. Se fosse uma pedra viraria poema, mas era um felino. Recordo-me de quando era criança, minha prima brincava com o bichano, quase o revirava de cabeça para baixo. Ao ver isso me deu uma súbita vontade de acariciá-lo. Porem, o gato já estava exausto de tanto sofrer nas mãos dela e quando cheguei perto descontou toda sua fúria em mim. Chorei muito, lagrimas sentidas por estar toda arranhada apenas por querer oferecer meu carinho. Assim são os homens, depois de terem sido usados por alguma mulher linda e malvada quando me encontram descontam em mim suas frustrações. Ficam praticamente imóveis aceitando os tapas, as dores e quando aparece uma mulher meiga, disposta a lhe oferecer amor, eles arranham seu coração até sangrar. Deixando assim cicatrizes na alma, um coração magoado. Por isso não gosto de gatos, mas não teria coragem de praticar qualquer ato insano contra ele. Mas ele estava lá, no meio da rua. Eu estava de carro, com o coração sangrando por causa de Pré - ocupações. Desorientada assassinei o felino. Aí o coração sangrou mais. E as lagrimas não saíram, mas ficaram doendo por dentro. A noite foi longa, talvez a mais longa de toda minha vida. Decidi não mais dirigir, o mundo estaria mais seguro. Porque no meio da rua sempre tem um gato.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Friend Zone

Você é uma cara legal, um amigo leal, vocês têm afinidades, interesses em comum, perspectivas, planos.
É você que ela procura quando sofre uma desilusão amorosa e você está lá, sempre atento a tudo, ouvindo o que ela diz e lhe dano sábios conselhos sobre o ser masculino. Você tem vontade de matar esse babaca que a faz sofrer, mas não faz isso porque ela o impede. Ao seu lado ela ri mesmo sem perceber, brinca e se sente a vontade para ser ela mesma.
Parabéns, você está na friend zone!!!
Ela pode simplesmente ignorar seus esforços, evitar qualquer aproximação, disfarçar, continuarão amigos para sempre. Você pode imaginar que ela é má, que se apaixona pelas pessoas erradas e foge de uma cara legal que tem as melhores intenções do mundo.
No entanto ela evita porque gosta demais de você, é algo superior a qualquer relacionamento com o sexo oposto: você é o melhor amigo dela, ela não saberia viver sem você.

Mulheres são loucas, você pode receber minhas palavras com estranheza, mas são verdadeiras. Amigo é algo muito importante, é alguém que esperamos passar a vida inteira juntos, alguém que te completa de uma forma muito especial. Já com o namorado não é possível ter o mesmo relacionamento. Francamente é muito melhor ter um amigo do sexo oposto, as vantagens são extensas. É um laço forte, importante que não vale a pena ser rompido por uma aproximação carnal. Não vale a pena permutar um amigo por um beijo. Veja bem, uma amizade verdadeira é algo raro, agora beijo você encontra em todos os lugares, e se decepciona constantemente. Relacionamento requer mais que amor, é preciso muita paciência, maturidade, reciprocidade, e principalmente sorte. Requer pele, sorrisos, lágrimas, afinidades. Certamente você já ficou com alguém e a pele não se identificou, pois é, isso é sorte e amor é um jogo de azar.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A mensagem

O namorado foi tomar banho, ela ficou no quarto esperando o amado. Surgiu repentinamente uma vontade de examinar o celular alheio para ver se não havia nada de estranho. E então na caixa de entrada uma mensagem de alguém que denominarei apenas de F (uma fulaninha). Sentiu uma súbita vontade de matar o rapaz, mas teve que se conter. A moça que a partir de agora chamaremos de N, e o suspeito chamaremos de M.
N continuou o relacionamento, às vezes sentia vontade de perguntar quem era F, e porque mandou aquela mensagem dizendo estar com saudades, porém se falasse isso estaria acabando com sua reputação de mulher independente e se mostraria uma menina insegura.
O tempo passou, ela recebeu o pedido de casamento, aceitou com lágrimas nos olhos. Quando estava no altar o padre fez a pergunta básica, N ficou paralisada lembrando-se de F. Imaginando se realmente ela era importante para M, se aconteceu algo entre eles. Temeu que ela aparecesse na igreja e dissesse algo que impediria o casamento. Estava imóvel e despertou com uma brincadeira de M: “Querida, você ainda está aí?” Sorriu, e disse Sim. Estava feito um laço infinito que apenas a morte desfaria. Finalmente deveria esquecer o fantasma de F e viver feliz para sempre.
Era um casal perfeito, do jeito que só existe em ficção, mas às vezes ela sentia uma raiva incontrolável e brigava com o marido por coisas tênues. Ele ignorava imaginando ser TPM e ficava tudo bem.
Estavam grávidos. A felicidade transbordava. O tempo passou. Filhos cresceram. N descobriu que estava com um câncer nos rins. M ficou desesperado. O medo de perder a companheira era maior que tudo. Aos prantos N virou-se para o marido e perguntou:
- Quem é F, que certa vez lhe mandou uma mensagem dizendo estar com saudades?
M estranhou a pergunta, mas respondeu com calma:
- Uma antiga namorada.
N abaixou a cabeça com tristeza. Seu temor era real, seu fantasma foi realmente importante para ele, talvez tivessem vivido uma história mais emocionante que a deles.
- Um dia, eu estava tomando cerveja com amigos, vi em uma mesa uma moça linda e disse que “É com ela que vou me casar”. Eles fizeram chacota com minhas palavras, acharam que eu estava bêbado. Mas eu tinha essa convicção desde o primeiro momento que vi seu sorriso. No dia seguinte fui atrás da minha namorada coloquei fim ao relacionamento. Fiquei três meses te observando sem que você sequer me notasse. F não aceitava o término e me procurou por muito tempo, sempre disse que meu coração tinha dona e que jamais poderia lhe oferecer nada. O dia do nosso primeiro beijo foi o mais aguardado por mim, quando aceitou se casar comigo estava transbordando de tanta alegria. Você tem mais alguma dúvida?
Ela chorou mais ainda e disse que não. Pediu perdão por ter vivido tanto tempo com essa dúvida absurda, com essa mágoa idiota que até a fez adoecer.
N recebeu doação do rim de F. Ela nunca descobriu quem foi o doador anônimo, mas mesmo assim rezava sempre por ele por ter lhe dado a oportunidade de viver.

Moral da história: a intuição feminina sempre tem um fundo de razão, e a mulher pode esquecer o que foi almoço de ontem, mas jamais de uma fulaninha.


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Chance


Ele perguntou por que eu nunca lhe dei uma chanse. Isso mesmo chanse com S. E isso doeu muito. O meu filho tem sete anos e sabe que usamos a letra M antes de P e B, e a diferença entre Mas e Mais, ele sabe escrever a palavra chance. O que adiantaria eu suportar meu filho chorando uma hora antes de fazer a lição de casa, alegando que sua vida é difícil e depois dar uma chanSe.
Imaginei as lagrimas ao receber um sms de manhã: "Bom dia Linda, saldades!!!"
Jamais daria certo.
Imaginei ele ajudando meu filhote fazendo a lição: "Muito bem garoto, continue assim!" - E depois que ele partisse eu deveria corrigir.
Uma romântica incurável apaixonada por cartas, cartões, seria complicado.

Odeio a gramática, temo a sintaxe, mas o básico para viver em sociedade, acho que sei. Quando ouvimos alguma pronuncia errada é cômico, mas ler dói às vistas. Enquanto conversávamos pela internet tentava lhe dar umas dicas sem que ele percebesse. Repetia propositalmente as palavras erradas de forma correta para que ele não cometesse novos erros. Aí um dia ele parou de escrever concerteza, mas escreveu com certesa. E foi aí que percebi que alguns vícios não se sanam. E que a nossa história tinha tudo para dar certo, mas ocorreu uma grande desilusão ortográfica, e aí meu amigo, aí não tem flor, chocolate, presente ou presença que faça o amor renascer. 


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ciência

Liguei o computador, estava disposta a estudar.
Gramática é uma proposta tentadora para o feriado, mas mesmo assim senti náuseas.
Sabe aquela história que até olhar para a parede fica interessante quando você tem que estudar, pois é, isso que aconteceu.
Comecei a ler exaustivamente nossas conversas. Uma história infinitamente chata.
Sinceramente não entendo como me apaixonei por alguém que me chamava de feia e chata o tempo todo.
Como entender o destino? Desconhecidos, depois amigos, cúmplices... amantes.
Mas que merda de história é essa? Não dá pra fazer um filme, nem para escrever um livro.
Amigos que se apaixonam, fim. Não têm dragões para destruir, sapos para beijar, castelos para morar. Não tem uma viagem fantástica, encontro inusitado, mágica, sei lá, não tem nada.
Não tem um galã tentando te conquistar abrindo a porta do carro, te levando para jantares românticos, mandando flores e bombons no dia seguinte. Não tem uma donzela indefesa esperando para ser salva. Nem mesmo uma mocinha meiga, a mais linda de todas, a mais encantadora. Mas tem muita conversa, muitas risadas, muita felicidade.
Mesmo assim, com toda monotonisse fiquei na expectativa dos próximos capítulos. Revivi tudo que passamos.  Foi interessante, mesmo assim não explica o amor. Não explica porque ficar sem você é tão difícil.
Fiquei estudando nossas conversas, nossas atitudes e fiz do amor uma nova ciência. Existem tantas definições, várias canções, poemas, no entanto, nada é suficiente, nada é concreto.
Continuarei estudando e desejando profundamente que seja infinito.


sábado, 26 de julho de 2014

Ser Deus


Algumas pessoas transmitem a paz por onde passam. Têm o poder de acalmar o coração de quem está aflito, de fazer sorrir quem estava em prantos, essas pessoas são anjos na terra, filhos de Deus que possuem a missão de cuidar dos irmãos.
Em um mundo onde as pessoas falam tanto e não dizem nada Ser Deus é escutar sem julgar.
De que adianta passar vinte e quatro horas na Igreja orando, se não consegue olhar para o outro e ver nele um irmão?
É preciso orar, estar em comunhão com Deus, não para se destacar entre os demais, mas por que o coração não suporta ficar longe do seu Criador. Orar em silêncio, ajudar ocultamente, fazer pequenas coisas.
É tão fácil resolver os problemas alheios, enquanto os nossos parecem impossíveis. O nosso sentido percebe com clareza o odor do outro, mas acostuma-se com o nosso. Até o nosso corpo prefere ver o erro dos outros. Algumas pessoas preocupam tanto com a vida de outro que se esquece de viver. Ser Deus é cuidar, preocupar, não por vontade de fazer intriga, fofoca, e sim porque quer o bem das pessoas.
Ser Deus é abraçar um desconhecido, alimentar um faminto, mas principalmente abraçar família. É mais difícil conviver com quem está presente nas suas lutas diárias do que com alguém que nunca lhe aborreceu. Conviver, ver, rever, certamente a presença chateia, cansa.
Trocar criticas por elogios, mau humor por sorrisos, tristeza por alegria.


Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. (Filipenses 4: 4-6).


segunda-feira, 7 de julho de 2014

O homem ideal

“Ele é perfeito, tudo que eu sempre sonhei. Nossos gostos se coincidem de tal forma que nessa hora tenho certeza que ele é a minha outra metade. Fazemos planos juntos, brincamos, sorrimos, é algo indescritível. Toda minha família e amigos o adoram, com seu carisma conquista a todos. Temos brigas, mas as reconciliações aquecem o relacionamento, que casal não discute, não é mesmo?! Aproxima-me de Deus, faz por mim o que ninguém mais faria. Em seus braços me sinto protegida, finalmente depois de tanto sofrer com pessoas erradas encontrei alguém que cuida de mim.” Sabe por que esse homem é perfeito assim, porque ele não existe, é uma idealização criada pela sua mente apaixonada.
A mulher precisa de alguém que a proteja, que cuide dela e nessa busca acaba criando expectativas desnecessárias. A gente sonha, voa longe. Ele te chama para sair, e você já fica imaginando como seria o casamento, colocando na balança os prós e contras, analisado detalhadamente a opção. Um dia ela encontra alguém que procurou a vida toda. Olha para ele e vê tudo que precisa. A idealização é como uma cegueira que te impede de ver o que realmente acontece. Você só se atenta ao que lhe interessa, às suas virtudes, os momentos desagradáveis são facilmente apagados da sua memória. O relacionamento geralmente é definido no início. A forma que pessoa utiliza para te conquistar, as palavras, gestos. Se atenha ao início para ver como será o fim. Após quatro meses acaba a fase do encantamento, deslumbramento, da paixão. As coisas mudam, o amor continua. Se passar dessa fase sem ter tentando assassinar o outro, acho que vale a pena continuar.
O elemento mais importante em um relacionamento é o respeito. É aí que você percebe a dignidade da pessoa. É degradante conviver sem isso. Padre Fábio de Melo citou em uma apresentação no seu programa “Direção Espiritual” que a gente não pode permitir que o nosso coração se torne um terreno baldio. Quando passamos pela rua e vemos os terrenos baldios estão sempre cobertos de lixo, as pessoas fazem isso porque é permitido, se o dono cuidasse desse terreno esse local seria respeitado. O nosso corpo e nosso coração é algo que só entra quem a gente permite.
Quando a gente vive uma ilusão, sofre muito. Mas quem mais sofre são as pessoas te amam, principalmente os pais. É triste ver alguém que amamos dando literalmente murro em ponta de faca, insistindo em algo que não dá frutos. Agressões verbais criam feridas profundas na alma, mágoas que não cicatrizam. E mesmo com todos os indícios que está no caminho errado, continua insistindo da ilusão criada. Criando respostas aos fatos acontecidos. Não se perca, fique atenta. Não seja uma pessoa cega por opção.

Não existe uma definição exata para homem ideal, e isso que faz a mágica acontecer, você tem que procurar. Como diz Mario Quintana “O segredo é não correr atrás das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.” Quando digo procurar é cuidar de você, por que um dia quando menos espera aparece alguém oposto a tudo que você sonhava, mas que por algum motivo maluco, será o escolhido. 


sábado, 14 de junho de 2014

Entenda as mulheres

Entender a mente feminina é algo praticamente impossível para o sexo oposto.
Venho aqui através de este relato ajudar atrapalhar meus amigos homens a desvendar alguns enigmas.
Alguns relacionamentos chegam ao fim pela incapacidade masculina de adivinhar entender o que a sua amada deseja. Quando tem algo incomodando, precisamos conversar, expor a situação, falar do que nos magoa, dos nossos medos, angustias, de algo que não está muito legal. Não ignore uma queixa, por que inicialmente pode ser mais fácil de eliminar, mas se persistir irá tomar uma proporção gigantesca. Mulheres possuem uma ótima memória e jogarão na sua cara algo que você disse e/ou fez antes mesmo de conhecê-la. JAMAIS diga que o relacionamento acabou por um motivo sem importância, isso magoa mais do que o próprio motivo do término.
Todas as mulheres possuem defeitos, e a procura da perfeição acabam deprimindo-se com seu próprio corpo,é cruel falar deles. O homem que ama não tortura sua amada citando suas imperfeições.
São coisas pequenas que conquistam: companheirismo, respeito, romantismo, amizade, carinho, ligações e mensagens inesperadas, (sem excesso) enfim coisas tão simples, mas que demonstram preocupação, cuidado.
Não diga que mulher é complicada, humor feminino é realmente mutável. Fique mais atento no período menstrual, pois essa época é cheia de delírios e reações inesperadas, emoções à flor a pele, dores, indecisões.
Após examinar detalhadamente às aspirações femininas só é possível chegar a uma conclusão: Não, não está faltando homem. Mulheres idealizam o homem perfeito porque são ensinadas desde que crianças que casamento é algo muito importante e magnífico. Portanto são várias variáveis para observar.
Um não serve porque bebe demais e é difícil conviver assim, outro porque não bebe e não te acompanha nas farras. Um não serve porque é bom demais pra ser verdade e certamente tem algum defeito oculto. Faz tudo errado e só complica sua vida, você precisa de alguém de cuide de você. O outro cuidava demais da sua vida, fica cansativo.
Ela quer um amor verdadeiro. Um amor verdadeiro e de preferência lindo e rico. Mas se encontra um lindo e rico, sabe que não deve ser fiel. Melhor um pobre, mas aí vai sustentar marmanjo, isso não é coisa de mulher. 
Se você está na Friend zone, saiba que é alguém muito especial, no entanto sair dessa área é algo que deve ser pensado, porque perder um namorado é algo doloroso, mas suportável, agora perder uma amigo, é alto terrível.
O homem deve ser gentil, rústico, bruto, pagar a conta, (para algumas feministas que não conheço, mas existe não se deve pagar a conta), abrir a porta do carro (não apenas por medo da gente bater a porta muito forte), ser bonito, mas não demais para evitar piriguetes, ser presente sem ser grudento, não ligar demais, mas não deixar de ligar, ser romântico, mas não em demasia, tem que mostrar interesse, mas não ficar bisbilhotando demais.
A verdade é que não existe lógica alguma. Quando aparece alguém que a faz esquecer todos os seus questionamentos, e que simplesmente ama, e não sabe porque. Aí não é necessário entender, não tem segredo, não tem desculpa. Não sabe de nada e nem precisa saber. Acontece naturalmente.




terça-feira, 29 de abril de 2014

Somos todos macacos

Há muito tempo atrás, antes de tirar foto com banana virar modinha, o ser humano sofre de uma doença incurável chamada racismo. É uma situação desconfortável, mas é possível conviver com isso. Um dia, acontece algo que faz surgir o repudio mundial ao racismo.
Aí a gente percebe que o jogador que ganha milhões e é agredido com uma banana vale mais que 39 mil negros assassinados por ano na sociedade brasileira que possui uma justiça ociosa.
Bem que eu poderia tirar uma foto com banana, só pra ficar na moda também, mas tenho amigas com a idade mental de onze anos, que irão maliciar meu ato sincero de ser adepta a campanha.
É lamentável ver as demonstrações de preconceito em pleno Século XXI, percebemos que o ser humano é mesmo uma praga que não deveria sequer existir. Os primatas possuem mais aptidões para conviver em sociedade do que o animal racional que se veste bem, que estuda, que questiona, mas que jamais evolui sua mentalidade.
Chega de falar de macaco, de banana, de racismo e vamos falar da nova Tekpix...


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Coisas óbvias sobre o ingrato tempo

Passamos todos os dias desejando que o tempo passe depressa, que chegue logo o fim de semana, um feriado, as sonhadas férias. Queremos terminar logo a escola, faculdade, pós-graduação. Quando criança, almejamos envelhecer, alcançar a independência, prosperar. E de repente um dia a gente acorda e se sente frustrado com o rumo que a vida levou. Frustrado por ainda se sentir uma criança em um mundo de gigantes, ao olhar e ver que não possui nada, que não é ninguém. Perceber que há alguns anos não tem nada de diferente na sua jornada. Notar que crescer é muito diferente do que imaginava quando criança, e que sim, você sempre dependerá dos seus pais. Intuir que devia ter aproveitado a mesmice do colegial, as brincadeiras idiotas, insanidades, colegas chatos, que agora não tem mais tempo de ver.
Tinha que ter curtido ao máximo seu lar, sua família, pois você jamais imaginaria que um dia sentiria falta de tanta conversa fiada, até mesmo das discussões, reuniões agora só em datas importantes.
Não adianta se apavorar só porque já tem Renew Rejuvenate para sua idade, sabia que isso seria inevitável, o jeito agora é encarar com naturalidade o começo do “resto da vida”.
Todas as coisas óbvias que você escutava de seus pais, avós, fazem sentido apenas quando você vive essas experiências. As pessoas não foram feitas para ouvir e sim para viver, se não “quebrar a cara” não aprende.

É lindo o passar dos anos, a vida é magnífica, perfeita. Tudo acontece exatamente quando tem que acontecer. Mas é incontestável que a idade da alma é que comanda a vida, como canta nosso eterno Chaves: "Existem jovens de oitenta e tantos anos e também velhos de apenas vinte e seis. Porque a velhice não significa nada, e a juventude volta sempre outra vez!"


terça-feira, 11 de março de 2014

Cafajeste Regenerado

Existem homens de todos os tipos, etnias, crenças, valores, tamanhos, mas há algo que todos têm em comum, são seres safados, que não podem ver um rabo de saia, que infelizmente não merecem confiança. Mas existe um estilo em especial que fascina e conquista praticamente todo ser feminino: o cafajeste. Toda mulher já teve um homem assim na sua vida. O cafajeste é um ser livre, indomável, tem a pegada perfeita e o dom da persuasão. É o tipo de cara que você sabe que não deve em hipótese alguma se envolver, mas não consegue evitar. Ele não mente em momento algum, a sinceridade é notável, ele diz que nunca vai ser seu, com atos e palavras, ele só quer uma diversão momentânea. O sujeito te liga e ainda te chama por outro nome: “Desculpa querida, liguei errado, hoje queria falar com a Luiza”. Você desliga, diz que está tudo bem, mas no fundo da alma sente uma raiva incontrolável e certa inveja da Luiza, por ter sido a escolhida da vez. O tempo ainda é um aliado desse ser miserável, quanto mais velho, mais bonito fica, e mais irresistível.
Você não admite, mas no fundo sonha com o dia que o cafajeste se regenere e seja só seu. O cafajeste regenerado é o homem que já conheceu todos os tipos de mulheres, viveu diversas experiências, conhece bastante do mundo. Sabe falar, se comportar, aprendeu a conviver e diz apenas o que é necessário. É o homem que sabe seduzir, e que fará isso repetitivamente pela mesma mulher quando se apaixonar de verdade. Conhece muito bem os desejos femininos e sabe realizá-los. Quem conseguir fisgar um cafajeste regenerado está completa pelo resto da vida. Só tem um problema, dificilmente um cafajeste se regenera. Alguns até se casam, mas constantemente procuram por outras mulheres. O dia que a carência excessiva bater só resta escutar uma declaração de Martinho da Vila imaginando ser o seu cafajeste regenerado: “Já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores (...) mas nenhuma delas me fez tão feliz como você me faz.”





segunda-feira, 10 de março de 2014

Um dia ela acordou

Um dia ela acordou mais cedo e saiu correndo pelas ruas desertas.
Viu que devia se dar ao direito de não ir trabalhar.
Pintou o cabelo de verde e resolveu finalmente fazer uma tatuagem. Perdeu o medo de enjoar das coisas duradouras.
Falou pelos cotovelos muitas coisas e não disse nada. Nada que realmente importasse ou tivesse algum proveito. Sempre falou pouco, de forma que somente falava que realmente acreditasse que valesse a pena.
Pegou um ônibus para um lugar longínquo.
Conversou com estranhos, fez outra tatuagem, brincou com miseráveis, experimentou comidas diferentes, brigou com as lixeiras e descontou nelas toda sua ira pela vida ingrata, bebeu tudo que lhe ofereceram, dormiu na rodoviária.
Quando amanheceu percebeu tudo que fizera e pela primeira vez na vida não se arrependeu.
Pensou em ligar, avisar que estava bem...e como estava bem!
Sentiu-se viva pela primeira vez na vida, e agora teria que voltar pra seu mundo chato e sem cor. Pintou o cabelo de preto e retornou para a realidade.
Guardou consigo um pedaço do cabelo verde para animá-la quando estivesse triste, lembrar-se que um dia ela acordou.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

MEDOS

Quando criança ela tinha medo de assombração. Olhava embaixo da cama antes de dormir para certificar-se que não tinha nenhum bicho papão. Na escola tinha medo da professora ser brava e dos colegas não gostarem dela. Depois temia que o garoto que ela achava bonito percebesse que ela tinha uma profunda admiração por ele, e seus planos secretos de se casar e passar a lua de mel em Veneza, sendo ela tão feia.
Tinha medo de aprender a andar de bicicleta e cair.
Não comia certas coisas por imaginar que o gosto é horrível.
Temia que o primeiro namorado percebesse seus defeitos ocultos, e pelo fim do relacionamento. Não queria dirigir, pela segurança dos pedestres.
Tinha medo de se casar, depois teve medo da infidelidade conjugal, quando foi traída amedrontou-se por ficar sozinha, mas ao divorciar-se percebeu que a vida continuava.
Não queria ficar velha por que o que mais temia era a morte, e a cada dia que passava ela se aproximava mais.
Mas envelheceu, morreu.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O casalzinho namorava

O casalzinho namorava. A lua sorria, e eles sorriam de volta. Tocava uma música romântica, um comida especial, a noite era perfeita.
Não tinha briga, chateações, discordâncias, só queriam estar juntos.
As horas passavam devagar quando estavam separados, e um sms inesperado era sempre um motivo de um sorriso de orelha a orelha.
Ela olhava o perfil do amado e ficava feliz por ver: ESTÁ EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO COM VOCÊ.
Podiam se falar por horas, nada de importante, mas era necessário ouvir a voz do outro. Era necessário dizer qualquer coisa só para senti-lo mais perto.
Não precisavam saber se com o passar do tempo iriam estar juntos ou não, importava apenas o presente, o fato de se conhecer, de se amar.Um dia talvez se separassem, mas que importância tinha isso nesse momento.

O mundo ia acabar dia 22 de dezembro de 2012, mas o que importava mesmo era que o casalzinho namorava.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A morena

Eu caminhava lentamente pelas ruas imundas da cidade. Não tinha nenhuma perspectiva. Entre um cigarro e outro, tentava lutar contra os fantasmas que atormentavam minha mente. Lembranças vagas de uma época feliz, saudade de uma mulher maravilhosa e o sonho de casar-me com ela. Deparo - me com um bar asqueroso, quando percebo já estou sentando com um copo mão. A bebida não apaga as lembranças nem mesmo a solidão.
Aparece uma mulher linda, de cabelo preto, corpo sensual, sorriso encantador. Pergunta se pode se sentar comigo. Digo que sim, se não se importasse com a péssima companhia que eu representava nessa noite. Ela sorriu, disse que não estava procurando amizade, só queria se sentar. Bebeu comigo, em silêncio. Depois de muito tempo longe da minha amada, comecei inconscientemente a desejar essa estranha que estava ao meu lado. Fantasiei-a assim mesmo, calada, mas linda, nua na minha frente, sorrindo, e eu paralisado por ter muito tempo sem ter nenhuma mulher.
Ela percebeu a confusão que havia criado na minha cabeça, apenas me observava. No fundo também me desejava, olhava minha barba mal feita, meu corpo ainda inteiro apesar da depressão, minha voz áspera. Mulheres odeiam o silêncio e o fato dela ainda estar ali sentada ao meu lado só poderia significar uma coisa: ela me queria, caso contrário já teria partido.
Levantei – me e ela me olhou intrigada, aguardando um convite para sair. Mas tive medo de estar traindo a memória de minha amada. Ela simplesmente seguiu-me.
- Onde você vai?
-Não tenho paradeiro moça.
-Então já encontrou.
Entrei no carro dela, não conseguia parar de olhar seu decote, suas pernas, queria possuí-la.
Chegamos a uma casa abandonada. Ela começou a despir-se vagarosamente, e eu me sentindo como um virgem que não sabia o que fazer. Ela mordeu minha orelha e sussurrou
- Tire sua roupa
E eu obedeci.
Ela olhava atentamente, como uma onça pronta comer a caça. Comecei a beijá-la loucamente.
- Calma, não tenha pressa. Isso será perfeito para nós dois.
Pegou algemas e disse:
-Vamos fazer uma brincadeira
E quando totalmente preso, rendido aos seus carinhos ela abriu uma cômoda antiga e pegou uma arma.
- Não precisa se assustar, é mais excitante assim.
Eu olhava com cara de homem mau que não tem medo de nada.
-Assim que gosto de te ver Armando. Despido, sozinho, fragilizado. Apenas aguardando alguma surpresa que a vida possa lhe oferecer. Isso mesmo, eu te conheço e você nunca percebeu que eu existia. Lembra-se dessa arma, a mesma que você usou para matar o meu marido. Lembra-se safado? – gritou
Não me lembrava dela, mas o marido sabia bem quem era.
- Seu marido tirou meu bem mais valioso, minha amada noiva. Não merecia viver.
- Você sabe o que é ser pobre, você sabe o que é viver na miséria Armando? Não, você não sabe o que é ver o filho chorar e não o que lhe dar de comer, ver sua família morrer aos poucos na tristeza do abandono. Meu marido foi obrigado a roubar, e sua madame não devia ter reagido ao assalto. Ele atirou para assustá-la, apenas isso. E você tomado de fúria, acabou com a vida dele. Adeus Armando, nós nos encontraremos no inferno.

Quando senti a bala atravessando meu peito sabia que na verdade ela estava me fazendo um favor. Fui liberto de uma vida sem sentido, e estaria agora livre para ver a minha amada.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Uma borboleta

Um dia, (um desses dias monótonos que a gente não espera nada da vida), apareceu uma borboleta na vida da menina. 
Ela era linda, muito colorida e transmitia alegria por onde passava.
No primeiro instante ela ficou encantada. Era tão bom ter por perto um ser assim, tão interessante.
O tempo foi passando e por onde ela andava lá estava sua querida companheira. Alegrando o dia, lhe atrapalhando estudar (estudar afinal é uma coisa muito chata), acompanhando em festas, lhe dando conselhos. Alguns pensavam que a menina estava ficando maluca por conversar com borboletas, as pessoas não sabem, mas não há nada mais sábio que o silêncio da natureza.
A borboleta desorientada lhe fazia rir a todo instante, mesmo quando o mundo inteiro estava desabando.

Um dia, do nada, a menina acordou e não encontrou mais a borboleta. Procurou por vários lugares em vão. Sentiu o coração partindo de tanta dor. Ela foi obrigada a reaprender a viver, agora sem sua querida borboleta.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Não desejo

É interessante a chegada de um novo ano, e os segundos que contamos para a virada têm um gostinho tão bom, uma esperança de que tudo seja renovado. Por alguns instantes mágicos esquecemos tudo de ruim que existe e nos concentramos em energias positivas. Todos já sabem o que desejam alcançar, suas metas a cumprir. Eu, no entanto, trago aqui uma lista de coisas que não desejo para ninguém:
Ansiedade
Gripe
Dengue (dengo só de vez em quando)
Alguém que come um chocolate que você estava guardando
Passar o fim de semana sozinho e sem internet
Goiaba bichada
Beijo sem pegada
Unha encravada
Filme legendado quando você não sabe onde escondeu seus óculos
Dor de barriga
Prisão de ventre
Beijar alguém sem dentes
Ficar menstruada em dia de festa
Cair no meio da rua ou bater a cara em uma porta de vidro
Ver quem ama partir
Filho doente
Gente folgada
Engarrafamento
Fila de banco
Pessoas mal educadas
Pessoas mal humoradas
Piada sem graça
Música da moda super chata que você é obrigado a escutar o tempo inteiro
Pernilongos
Tristeza
Brigas em qualquer lugar (é muito deselegante)
Seu time perder o jogo
Inveja
Ganância
Pessoas com mau cheiro
Chorar por quem não merece
Falta de privacidade
Rir de desespero
Namorado com incompatibilidade de gostos e planos
Cerveja quente
Perder o fone de ouvido ou perder o celular
Praia com chuva
Comida fria
Magoar alguém (Porque é pior do que ser magoado)
Pretendente com alto grau de erros ortográficos
Barata (animal repugnante)
Noticia ruim na televisão
Falta de dinheiro
Conselhos errados (de palpiteiros que não entendem nada)
Barulho quando você quer estudar
Chuva quando você quer ir para a academia
Alguém que acha que é última bolacha do pacote
Dor de dente
Cabelo alto e sem vida
Falso amigo (que é pior do que inimigo)
Velho que cospe na rua
Gatos namorando a noite inteira
Banheiro em reforma
Engordar quando está de regime
Emagrecer quando quer ganhar massa muscular
Levar uma rasteira da vida
Passar o ano inteiro sem dançar
Falsa modéstia
Palavrões
Pisar nas fezes de animais, quando estiver indo para um lugar importante
Não levar cantada nem mesmo de pedreiro
Perguntar qual o sentido da vida. Pois quando você faz esse questionamento está faltando vontade de continuar, forças para seguir em frente.


O que desejo na verdade é felicidade, saúde e fé, o resto a gente conquista.